Conto: A nova Califórnia

A nova Califórnia

Afonso Henriques De Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista carioca contribuinte de periódicos anarquistas no inicio do século XX, e um dos mais importantes escritores brasileiros. Lima Barreto criticava através de suas obras a velha republica brasileira, realizando parodias que retratavam a situação da época. Uma dessas paródias é “A nova Califórnia”, que satiriza a corrida do ouro americana.

A história de passa na cidade de Tupicanga, um município pequeno do Rio de Janeiro, com pouco mais de três mil habitantes, que tem suas estruturas abaladas após a chegada de um novo morador misterioso, chamado Raimundo Flamel, que recebia muitas cartas de diversos lugares. No inicio Flamel era visto como arredio, mas ao decorrer da história é até chamado de doutor, sendo respeitado por seu comportamento doce e gentil.

Ainda com sua profissão não revelada, Raimundo procura pessoas de importância na cidade e revela que pode transformar ossos humanos em ouro, e os pede para testemunhar tal fato. Após sua revelação, Flamel some misteriosamente então uma onda de roubo de ossos começa, o que surpreende a população já que a cidade não apresenta índices de assaltos e roubos. Muito menos assaltos macabros, como o de ossos humanos.

Então começa uma guarda armada, e quando as três testemunhas de Flamel são pegas, um acaba sendo morto, e os outros revelam o mistério e contam que ossos podem virar ouro. A população de Tupicanga se acalma e volta a suas casas, sem parar de pensar na possibilidade do enriquecimento, o que os leva até o cemitério local. Logo os habitantes da calma cidade estão se agredindo e matando uns aos outros pelos ossos, porem sem a formula da transformação, já que Flamel continuava desaparecido sem ter revelado a ninguém. O único habitante da cidade que não se aproveitou da situação foi o bêbado da cidade, Belmiro, que estava ocupado demais enchendo seu copo.

O conto tenta mostrar que pessoas respeitáveis podem perder seus valores quando se trata de dinheiro, mais precisamente de ouro. E como o ridículo e a estupidez podem andar juntos em uma população. A história satiriza o comportamento e ambição dos brasileiros, que fogem de seus princípios para enriquecer facilmente, desrespeitando seus antepassados, família, tradição e imagem publica em prol de uma possibilidade remota.