Conto: O misterioso homem-macaco

O misterioso homem-macaco

Xavier Valencio. Os cem melhores contos brasileiros do século. Editora Objetiva.

Valencio Xavier Niculithceff nasceu em 21 de março de 1993 na cidade de São Paulo, foi um grande escritor, cineasta, roteirista e diretor de Tv brasileiro. Paulistano de nascimento, Valencio mudou-se para a cidade de Curitiba aos 21 anos de idade. Na capital paranaense trabalhou na Tv da atual região RPCTV e na afiliada Rede Tupi. Neste meio, escreveu dramas e chegou a dirigir episódios do Globo Repórter. Nas letras, Valencio Xavier escreveu narrativas em jornais e revistas como: Nicolau, revista USP e o caderno Mais! Da Folha de São Paulo. Foi colunista do jornal Gazeta do Povo de 1995 á 2003. Como um dos representantes do movimento da literatura experimental, ganhou boas críticas na imprensa nacional ao escrever diversas obras que marcaram o auge da sua carreira.

Um simples caçador andava sozinho pela floresta com seu cão, Divino, era o nome do seu mascote, acompanhado de uma canção que saía da sua boca, uma 28 de chumbo e nas costas uma Winchester 22, também pendurado o bornal com os cartuchos dos dois calibres, a garrafa com café adoçado e pão de milho para o velho caçador e seu cão. Era por volta das dez horas da manhã e o indivíduo não tinha caçado nada. Seu cachorro suava e tremia de fome assim como seu dono que aparentava já estar acostumado com esse tipo de situação. Após longas caminhadas são avistados pelos andarilhos um bando de macacos que, lá no alto, faziam a travessia de uma peroba para um ipê vizinho. Aquilo pareceu ter agradado os olhos do caçador, que com sangue frio sacou para fora a seu Winchester 22 assustando até mesmo seu próprio cão que estava distraído com um cheiro que apontava seu apetite. Assim que ele mostrou sua arma, todos os macacos haviam feito as malas e partido, exceto um que aparentava ser fêmea, por estar com um macaquinho envolvido em seus grandes braços peludos. Sem pensar duas vezes, o caçador apertou o gatilho BANG! A macaca despencou lá de cima e veio a cair no chão de costas, sem chances para a vida. O caçador e seu cão se aproximaram e ambos logo perceberam que a cria do mamífero que acabara de cair á metros de altura, estava viva. O cão chegou afoito, louco para devorar seu lanche quando foi rapidamente surpreendido pelo seu dono que bateu com a ponta do Winchester em seu focinho e ordenou que parasse, retirando o filhote dos braços do cadáver da sua mãe e servindo de alimento ao carnívoro que não parava de latir até aquele momento. A pequena cria foi levada até a residência do caçador, que foi bem recebida, principalmente por sua mulher, que adorava filhotes de mamíferos. O cidadão tinha uma mulher, uma filha que morava com eles, e um filho já adulto que morava na cidade. A vida dessa família mudou drasticamente após a chegada desse macaco, destacando o dia de chuva e trovões que teve na região, todos morriam de frio, menos o macaco coberto com seu pelos, e acabou surpreendendo os donos acendendo uma lamparina mostrando que estava ciente do que estava acontecendo, quando falou com sua voz curta e grossa quem ele realmente era, dizendo a seguinte frase: “Eu sou o João da Silva!”, espantando mais uma vez seus donos. E o pior não terminava ai ,o suposto homem macaco fez da vida desses cidadãos uma maldição; provocou a morte de sua dona, e esse caso foi parar com o filho mais velho do casal, que foi acusado de matar a sua mãe, e passou o resto da sua vida na cadeia. Já a pequena filhinha, perdeu sua virgindade cedo com o João da Silva, fazendo a sua vida nunca mais ser inocente como antes. O pobre caçador tornou-se aleijado, graças á um acidente provocado pelo homem macaco, e mais confusões do que essas, seriam necessárias mais páginas para citá-las.

Um conto realmente convincente, com um conteúdo reflexivo e atrativo que desperta o pensamento dos leitores, apesar de se tratar de uma lenda, pode ativar o sentimento de algumas pessoas para o tema desse texto apesar de apresentar também lições para a vida real.