Conto: Conto(Não Conto)
- Sarah Cabral
- 8 de nov. de 2015
- 2 min de leitura
Não Conto
“Aqui, um território vazio, espaços, um pouco mais que nada. Ou muito, não se sabe” conto (não conto) de Sérgio Sant'Anna, trata-se de uma obra intrigante, criativa e acima de tudo, provocante. É capaz de despertar algumas sensações inimagináveis do vazio. Este conto nos remete à importância da percepção das mais variadas formas. A própria definição de contar uma história, de articular a trama, é desconstruída todo a todo momento.
A história nos envolve em questões talvez nunca antes pensadas ou imaginadas, assim ativando a imaginação do leitor. Sérgio tece esta meta ficção de forma envolvente.
Observamos também na obra a importância do fator espaço, tempo e movimento, artimanhas serreais que remete a um jogo extremamente envolvente. O narrador convida o leitor, buscando-o para dentro da história.
Sérgio Sant'Anna, oriundo de um período pós-moderno, transporta para sua literatura toda a carga de desconfiança sobre as verdades do mundo, o que gera certo ceticismo e ironia.
Podemos observar em conto (não conto) que o tempo, o espaço, o herói não existem, apenas a angustia e o medo de existir, o perigo iminente, tendo isso seguindo o caos, a ilegibilidade da vida pós-moderna.
O autor cria cenários, dá vida a personagens, sugere ações, imagina hipóteses e logo após os destrói. É o desfazer daquilo que fora construído no início do texto. Os arbustos se queimam, a cobra foi embora, os insetos se mandaram e forma seguidos pelos vermes e no paragrafo seguinte, o narrador contata que nada, quase nada restou: “então aqui ficou o território ainda mais vazio, espaços, um pouco mais que nada. Ou muito, não se sabe” insinuando um grande dilema, deixando uma pergunta, “mas contar o quê, se não há o que contar?”
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